O SELF COMO PRESENÇA SAGRADA: ESPIRITUALIDADE E INDIVIDUAÇÃO NA CONSTELAÇÃO FAMILIAR

Resumo: Este trabalho apresenta uma análise sob a perspectiva junguiana acerca das interconexões simbólicas entre a família, a espiritualidade e o processo de individuação. Baseando-se na Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung, o conceito de Self é entendido como o arquétipo da totalidade da psique e, simultaneamente, como a representação de uma presença divina que conduz o indivíduo rumo à autorrealização. A família é vista como uma matriz arquetípica fundamental, que pode tanto facilitar quanto obstruir o desenvolvimento da consciência individual e a conexão com a dimensão espiritual interna. Os papéis ocupados dentro da família ativam complexos que, se não forem devidamente trabalhados, podem levar à repetição de padrões inconscientes e impedir o surgimento do símbolo vivo. Nesse contexto, a espiritualidade não é encarada como uma crença rigidamente dogmática, mas como uma vivência simbólica que possibilita a integração dos opostos. A experiência do numinoso — conceito introduzido por Rudolf Otto e integrado por Jung — é um indicativo da constelação do Self e sugere a aparição de um novo entendimento sobre o sofrimento e os conflitos familiares. Este estudo articula teoria e prática clínica, oferecendo exemplos simbólicos (mitológicos e oníricos) que demonstram como o contexto familiar pode ser, em determinadas situações, um local de encarceramento ou uma oportunidade de transformação, dependendo do nível de desenvolvimento simbólico e da disposição para o transcendente.

Sala Psicanalítica: Palestra gravada com estudo aprofundado a partir deste trabalho publicado por: Richard Stefanini Munhoz.

Apresentação: Psicanalista Richard Munhoz

Direção: Dr. Richard Munhoz